sexta-feira, junho 04, 2010

As cartas de amor

Hoje leram-me ao telefone uma carta de amor,(para mim foi) uma carta de amor que diz coisas banais, e reais mas muito mais linda, muito mais fofinha!
Quem me dera poder aqui transcrever a forma como quem a escreveu, a pensou ao minino pormenor.
Minha pequenina, cá andamos nós atrás de demonstrações tão insensatas de um tal carinho!


    Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.)
    Álvaro de Campos, 21-10-1935