domingo, junho 20, 2010

Não digas nada

Sinto a tua falta.
Mesmo passados estes anos.
Gostava de saber se te lembravas de nós.
Foi um bocadinho antes de entrarmos para os bombeiros.O comandante disse-nos que faríamos uma caminhada..Entendemos por caminhada uma voltinha, uma pequena volta no final do dia, a passo de velhinho.Quando demos por nós, já íamos com uns quilómetros, e já anoitecia, andamos e andamos...lembras-te de caíres?E eu dei-te a mão.Depois quando passávamos por o raio da linha do comboio fui eu que te dei a minha, demos as mãos como irmãs, e assim fomos o resto do caminho.Exaustas, mas vivas, sem mostrar nem uma pinguinha de fraqueza.
Foi assim tantas vezes, daquela vez que fizemos que estávamos a dormir...para não falarmos á mulherzinha.E quando o A. partiu foi a tua mão que tive.Foi contigo que chorei tantas vezes, que me ri.
E quando fomos aquele maldito acampamento, e alguem teve a brilhante ideia de sair á noite e andamos de tenda em tenda...
E naquele dia que juras-te que estarias comigo para sempre lembras-te?
Ou no outro e no outro...



Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega. Parece-te pouco mas basta-me.Da-me só a mão.